"Ao orientar o trabalho de doutoramento de Yára, vivi o processo em que, tirando do esquecimento a professora que sempre havia levado dentro de si, ia ela deixando crescer, a cada apresentação do que viria a ser a sua tese, seu amor pelo magistério e pela atividade museológica, unido a seu sentimento de orgulho pelo Museu da Inconfidência e por Ouro Preto, maravilhosa cidade, plena de história e de lendas que eu mesma guardarei sempre em minha lembrança.
Já o prefácio esclarece muito bem o que nos oferece o livro. Encantou-me a forma de apresentação das duas irmãs e da obra como um momento de encontro entre ambas. Os primeiros capítulos me permitiram repassar uma vez mais a trajetória e os resultados do trabalho científico-pedagógico defendido com êxito por Yara. Detive-me, entretanto, por ser o novo para mim, na leitura da quarta parte. Considero importante o aparecimento, desde o primeiro momento, do que se considera o princípio básico dos ecomuseus: “o público passa a ter participação ativa, colaboradora e essencial”. Igualmente importante é a ênfase na aprendizagem como um processo dialógico, sobre a base de que “sentido” e “significado” não podem ser transferidos.
Interessante e esclarecedora a conceituação da memória humana como um arquivo vivo, reconstrução seletiva, não limitada ao passado. Muito acertada a utilização de perguntas sugestivas e motivadoras para o tratamento desse conceito, coerente com a posição de utilizar a dúvida e as perguntas como ferramentas-chave da proposta. Bastante oportuna, ainda, a relação que se oferece entre todos os elementos que conformam o patrimônio.
As atividades propostas contribuem para enriquecer a prática no museu: como não constituem um sistema fechado, podem ser utilizadas com maior liberdade, a partir das características do museu e dos participantes, independente dos objetivos específicos dos currículos escolares. Pude ver algumas delas no Museu da Inconfidência, que resultaram muito motivadoras.
Agora, na publicação em livro, com a ampliação da relação museu-educação para a ação ecomuseológica, um novo elemento, que se poderia considerar ponto de partida para outra tese, é introduzido na proposta: promover o encontro das dúvidas para os processos de educação formal ou informal, nas escolas, nos museus e/ou nas comunidades. Nessa proposta, “a dúvida seria compreendida como princípio e atitude, para que a ecomuseologia se faça com a comunidade, pela comunidade, para a comunidade”. Será que é válida essa proposta? Seria interessante e útil demonstrá-lo.
Finalizando, desejamos um grande êxito a esta obra, por seu enfoque renovador – é provável que não haja outra parecida na literatura museológica – e, além disso, por seu alto valor prático, sendo boa orientação para aqueles que atuam nesse meio".
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